Essa noite o caminhão de lixo passou lá pela meia noite e meia e derrubou garrafas plásticas no asfalto. O próprio caminhão passou por cima e fez barulho forte, parecido com estouro de poste. O pior nem foi isso: Depois dele, todos os carros que passavam pela rua atropelavam as garrafas, fazendo com que pessoas que têm o sono mais leve não conseguissem dormir.
De manhã um senhor de 90 anos varreu a parte que lhe cabia, os vizinhos de cima jogaram mais lixo na rua, o caminhão do reciclável passou e não levou nosso lixo e as ruas continuam imundas como sempre.
Saber que as garrafas entopem os bueiros, todo mundo sabe. Tirando as crianças e adolescentes que estão preocupados com outras coisas, a maioria das pessoas sabe que está fazendo "coisa errada". Algumas justificam que é bom deixar na rua, pois algum catador vai pegar e ganhar um dinheiro com aquilo. Além de jogarem o lixo, ainda acham que estão fazendo o "bem".
Mas pra que pensar em cuidar da cidade, se nossa própria vida vale tão pouco? Se o celular é mais importante que a minha presença. Se a TV fala mais alto do que eu quase sempre. Se no transporte público eu apenas ocupo espaço?
Correndo de um lado pro outro o paulistano deixa rastros de seu próprio desgosto pela vida que leva. Respiramos um ar imundo, mas não estamos nem aí. Tomamos uma água que às vezes fede, mas achamos muito normal. Vamos à festas abarrotadas de comida, e ainda saímos com a sensação de que nos falta alguma coisa.
Cuidar da calçada onde todo mundo pisa? Pra que? Se passar pela vida às vezes nos é um fardo, por que pensar nos caminhos como algo que precisamos cuidar?
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