quinta-feira, 19 de maio de 2011

A mítica da FAAP

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Com a polêmica do metrô Higienópolis, cujo termo "pessoas diferenciadas" ficou em evidência, a mítica da FAAP como um reduto de milionários volta à tona.

Da mesma forma que a moradora de Higienópolis foi infeliz ao designar camelôs e comerciantes barulhentos como "pessoas diferenciadas", não é feliz quem chama os estudantes da FAAP de "ridículos".

Sim, talvez a FAAP seja a faculdade mais cara de São Paulo. Mas tem uma infra-estrutura excelente. Eu me formei lá. Não sou milionária nem me visto de forma ridícula, e nem me incomodava com quem usava salto alto ou alta costura. Ali éramos todos iguais, tanto os filhos de grandes empresários como os funcionários, professores ou quem quer que estivesse conosco. A gente podia ir de chinelo ou de sapato de couro de avestruz. Ninguém era barrado na porta por preconceito de qualquer gênero.

Todos os estudantes de lá são obrigados a fazer estágio e ganhar o salário de estagiário, mísero, cinco vezes menor que a mensalidade. Nenhum de meus colegas reprovados subornou a direção para passar de ano. E quando prestei vestibular, a prova da FAAP era uma das únicas escritas, assim como a da USP e a da UNICAMP. Os professores nunca faltavam nem ficavam falando sobre futilidades ou helicópteros.

Nunca presenciei nenhum episódio de constrangimento social, muito pelo contrário. Lá há um clima de glamour no ar, até por abrigar um Museu de Arte e estar situada num bairro nobre. Mas comigo estudavam filhos de comerciantes, autônomos e de profissões diversas: Tinha filho de político, de artista, de engenheiro, advogado, economista... Mas também tinha funcionário com bolsa de estudos, filho de costureira e taxista que pagavam os estudos de seus filhos com dificuldades. 

Lá passa ônibus sim e muita gente usa esse meio de transporte para chegar. Descem da Angélica, da Dr. Arnaldo e sobem da Avenida Pacaembu.

É muito chato ouvir falar mal da faculdade em que a gente estudou. Como se nosso diploma tivesse sido comprado à prazo, entre festinhas do Amaury Jr. e viagens pro Caribe... Antes fosse! Muitos formandos da FAAP trabalham no metrô, nas empresas públicas e privadas e são pessoas inteligentes, que se prepararam tanto para entrar lá como para conseguirem se manter no mercado de trabalho, tão competitivo.

Tem até gente falando sobre lata de lixo, pensando em limpar a sujeira da cidade, já que não são só os milionários da FAAP que sujam o meio ambiente com seus carrões... Brincadeiras a parte, nós que estudamos na FAAP somos vítimas de preconceito social, da mesma forma que os diferenciados. Mas lá não é clube, não, as pessoas tem que estudar sim, e até hoje eu participo de cursos ótimos que a FAAP ministra. Muitos são abertos também aos que não são ex-alunos, e quem tem essa imagem da FAAP deve ir lá pra ver que a FAAP é um lugar muito bacana, não é tão elitista nem tão enjoada como falam por aí. Agora mesmo está tendo uma exposição sobre a vida da Grace Kelly no Museu de Arte (imperdível). Outra sugestão é cursar a pós em "gestão do luxo". Chique de doer. ;-)

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