quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Palmeiras e o malfadado progresso

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Há pouco tempo tivemos aqui uma grande discussão falando da reforma do Palestra. Sim, nossa região está saturada, as edificações foram feitas visando o enriquecimento dos construtores, os interesses econômicos, o bolso dos políticos e dos empreiteiros.

A Pompeia, Perdizes, a Vila Romana foram e estão sendo judiadas ao máximo em suas águas, em suas calçadas, em seu ar. Nosso bairro é mais violento, tem mais trânsito, é um bairro mais "nervoso". Alguns dizem que vieram para cá e trouxeram o desenvolvimento, a civilização, o progresso. Mas o que lembro é que não nos preocupávamos com assaltos, eu cresci correndo na rua, meus pais e os vizinhos de portas abertas. Os colégios também tinham seus portões abertos, as professoras eram mais respeitadas e a vida era bem diferente.

Sim, estamos em São Paulo, cidade imensa, e morando tão perto dos grandes centros comerciais, nosso destino talvez não pudesse ser diferente. Hoje tenho medo que meus pais atravessem as ruas, caiam nas calçadas ou sejam assaltados no banco. Ontem não fiz um saque no banco porque minha sobrinha estava junto e eu temi pela segurança dela.

O que aconteceu fora do Palmeiras, acontece também lá dentro. Interesses milionários, guerra de poder, vaidades. Estamos assistindo nosso antigo time de futebol, hoje chamado de "elenco" desmoralizar nossa camisa e nossa bandeira. É um vexame, dizem alguns. Vexame eu chamaria a falta de amor por uma região, por um espaço que é nosso, por nossa história. Vexame foi ver o menino chorando com a camisa do Palmeiras chutar o assento do estádio e ver sua mãe alisá-lo em seguida, sem repreendê-lo.

Os pais hoje têm tempo para ensinarem os filhos a torcerem para um time, mas não têm interesse em ensiná-los a respeitarem a cidade, o estádio, o bem público. Chorou o menino e choramos nós, por ver nosso Palmeiras e nossas crianças se apequenando cada vez mais.

1 comentários:

  • 7 de dezembro de 2010 às 10:29
    patricia :

    Fernanda, esse não é um comentário, mas sim um convite: a WTORRE, empresa responsável pela construção da Arena Palmeiras, instalou uma sala de visitas com a maquete do empreendimento. Estamos por aqui (rua Turiassu, 1840) às terças, quintas e sábados, das 9h às 13h e quartas e sextas, das 14 às 18 horas. Venha tomar um café conosco! Abs, Patrícia.

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