sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Enriquecer sobre as fraquezas da comunidade

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O ano está terminando então vou aproveitar esse post para falar um pouco sobre o trabalho do grupo de economia comportamental do qual faço parte.

Nosso grupo está em conjunto ajudando a Dra. Vera Rita de Mello Ferreira, a única Profa. Dra. nessa área, a trazer a Psicologia Econômica para o Brasil.

A Psicologia Econômica já é uma área consolidada na Europa há mais de cem anos, e estuda nossas emoções diante das decisões econômicas. O jeito que nós ganhamos, guardamos dinheiro, decidimos nos locomover. Nossa susceptibilidade a cair em golpes e armadilhas, nosso otimismo ou pessimismo em relação ao futuro, etc.

A área a que venho me dedicando é a produção de estudos e material para auxiliar a população a não cair em golpes. Golpes como os da loteria, as pirâmides, os falsos pedintes. Golpes que muitas vezes não podem ser enquadrados pela polícia como crimes, mas que são abusos de relacionamento que acontecem aos montes por aí, e que precisam ser combatidos.

Hoje, enquanto ouvia a "Rádio Aleluia", que por sinal estava tocando músicas muito bacanas, escutei o "bispo" Edir Macedo pedindo que o ouvinte comparecesse à Igreja e levasse a sua colaboração. Mas o pedido era bem direto, ele dizia assim:

- Eu quero que você junte sozinho ou com sua família, a quantia de R$ 1.000,00 para por dentro do envelope que vai ficar na entrada. Junto aos R$ 1.000,00 anote seu nome, pois você vai ajudar a construir mais um templo, ficará orgulhoso, melhorará suas condições financeiras e eu vou levar seu nome aos "anais" do templo. Se não puder ser nesse mês, junte pro outro, ou pro outro. Mas eu quero que seja no mínimo R$ 1.000,00.

As pessoas, que o ouvem falando podem ter suas mentes despertadas por crenças antigas, superstições, pacto com o invisível ou então simplesmente podem ser tocadas, por admirarem essa pessoa e por quererem fazer parte da comunidade. Juntam orgulhosamente aquele dinheiro e creem que aquela troca trará inclusão social, sorte, bênção, etc.

Os especialistas em psicologia econômica sabem que atitudes como essa são carregadas de apelo emocional, e o valor pré-fixado traz à cabeça do fiel uma série de fragilidades, parâmetros e um efeito que chamamos de "ancoragem".

Esse valor deixa de ser um valor alto, e passa a ser um valor mínimo. Então a pessoa perde a conta de seus ganhos, de suas necessidades e passa a esquecer esse dinheiro como sendo dela, e o inclui, por exemplo, nos destinos obrigatórios, nos "gastos de compromisso".

Caros amigos evangélicos, católicos, espíritas e ateus: Nada o impede de pedir, mas os estudos de mais de um século mostram que essa maneira de pedir nos expõe a uma série de pensamentos que podem nos levar a tomar uma atitude que pode não ser boa para nossas finanças. Perdemos as contas de nossas possibilidades e nos deixamos envolver pelo invisível, pelas crendices de sorte ou azar, etc.

Quem quiser conferir o Bispo pedindo, sintonize:

 http://www.redealeluia.com.br/unideia/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=pop%5Fradio%2Ehtml

O ser humano tem fragilidades psicológicas das quais algumas pessoas mais espertas tiram proveito.

Pensem bem antes de doar, por mais que admirem o pastor, o padre, o bispo.

Procuração de Deus ninguém tem. Isso é tão óbvio! Mas o contexto da convivência comunitária, do desconsolo, as necessidades ou outras crenças fazem com que o indivíduo doe dinheiro para essas causas "sociais" que fazem o povo crer que o mais importante é a glória do senhor, quando para eles o mais importante é a glória do dinheiro religiosamente depositado no envelope que eles vão enviar para Jesus.

O que me consola é que Deus também tem seu caderninho. De mil em mil tem filho de Deus que está ficando com dívidas altas - que só vendo!

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