sexta-feira, 29 de abril de 2011

Por que nossas praças são sujas?

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Tenho uma lembrança de infância: A primeira vez que minha mãe me deu bronca por eu estar pisando na grama. Fiquei intrigada com a proibição. Grama não é pra pisar? Por que?
Lembro que saí da grama mas dava um jeito de dar uma pisadinha sempre que ela se distraía. Quem é cria da cidade grande, tem um pouco de dificuldade de lidar com áreas verdes. Com terra, mato, bicho.

Eu, sinceramente, até hoje não vejo outra utilidade na grama a não ser pisar nela com todo gosto, para sentir a terra, a planta. Um carinho que ela faz nos pés da gente, bem diferente do chão duro do asfalto. Pisar na grama é sentir a vida. Para mim, até hoje é isso.

Esse é o meu jeito de lidar com o mato, mas tem gente que tem outros, diferentes. Acham que uma praça grande serve para o cachorro correr livre. É um tipo de réplica do sítio ou da fazenda. Outros pensam que o mato serve pra queimar fumo, pois não incomoda ninguém além de ser escondidinho. Tem gente que usa pra namorar, afinal de contas é bucólico e silvestre. Eu mesma já usei uma praça pra esconder uma caixa de livros enquanto ia buscar transporte para eles, pois estavam pesados.

Mato é pra fazer picnic. Piquenique. É assim que se escreve? :/ Então, sentar no mato e fazer uma farofa é coisa de quem gosta de estar ao ar livre. E o bicho da cidade não sabe se comportar e acaba esquecendo seus restos por lá mesmo. Até porque a praça é um lugar grande, onde não mora ninguém, onde um saco de entulho não atrapalha nenhum carro para entrar na garagem, e se o saquinho soltar um fedor, quem vai sentir? O impacto psicológico de uma praça é grande. Praças são locais que a gente ainda não aprendeu a lidar bem. Por serem diferentes. Olhar para a praça é ver a possibilidade de levar uma vida diferente. Talvez isso incomode um pouco. Nem todos estamos preparados para lidar bem com isso.

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