domingo, 24 de abril de 2011

Estou cansada de morar aqui

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A Pompeia está me cansando. E não são só as ruas sujas e o trânsito.
Os vizinhos barulhentos que fazem e acontecem na certeza de ficarem impunes. Os guardadores de carros. Os pedintes e moradores de rua que não querem ajuda, só querem sujar. Nossas praças viraram antros.

Nosso bairro me fez mais grossa. Não só o bairro, a cidade mesmo. Ontem discuti com um vendedor embrulhão na Sta Ifigênia. Hoje fui sucinta com as testemunhas de jeová que quiseram nos importunar com aquela conversa de sempre. Fico nervosa com pessoas que querem sair pregando, falando com a gente como se não conhecêssemos Deus ou não tivéssemos fé. Não respeitam a religião dos outros. Nos tratam como ateus. Nem sabem de nossas crenças, de nossos hábitos, de nossas vidas. Tocar uma vez ou outra, tudo bem. Toda semana, acho um abuso!

Ontem funcionários da empresa Delta pediram caixinha de Páscoa. Nem são eles que varrem aqui! Eu respondi que conheço os varredores e que não são eles! Aí eles disseram que são da Barão do Bananal. "Então peçam lá!", respondi. Não estou me reconhecendo mais.

Mas foi a cidade que me fez assim. Tem tanta gente sem consideração que dá até nervoso. Idosos que chegam na fila onde vc está há meia hora e querem ser atendidos no mesmo minuto. Eu sei, eles têm prioridade. Mas meia hora esperando, é meia hora, né? Por que eles não podem esperar minha vez e depois irem? Ainda ficam olhando feio...

Falar mal de mendigo, de idoso, de gays ou afins é procurar encrenca. Mas a vida é um pouco diferente do Jornal Nacional. Há situações que nos deixam por baixo! Se um gay me importunar no elevador, não poderei confrontá-lo. Ele pode alegar que estou de preconceito e aí, já viu!

Estou arrependida de vários votos que dei. Votei em vereador que passou dez anos sem ir ao banco. Em deputado que mandou trocar as placas do elevador e acrescentar "gays". Que interessa a prática sexual de cada pessoa? Ainda mais na placa do elevador! É o fim dos tempos...

Essa cidade é uma fábrica de loucos. Quanto mais esquisito você for, mais personalidade vão te atribuir. Eu acho que pertencer a tribos é falta de personalidade. Para a cidade, não pertencer a nenhuma é ser excluído. Aqui em São Paulo você pode ser tudo. Menos uma pessoa normal.

Sem falar nos relacionamentos... A tal da fila não para de girar senha! Uma vez estava "namorando"-> palavra antiga <- e o sujeito veio num domingo a noite me dizer que não queria me ver nunca mais. Eu me fiz de idiota. Há algum tempo eu adoro me fazer de idiota, principalmente diante de fdps. Veja bem, pra que se deslocar de casa para vir dizer na minha cara que não queria me ver NUNCA mais? Que resposta merecia uma pessoa dessas? Ainda bem que não dei resposta alguma. Diante de sádicos o que nos resta é chorar lágrimas de novela mexicana, fazer o quê?

Meu limiar anda baixo. Estou feliz por estar envelhecendo. O que antes deixava para falar depois, falo sem ficar vermelha. Percebo logo quando alguém quer montar e já vou dando resposta rápida. São Paulo nos faz assim, atentos. Venho me transformando num ser humano que não admiro. Mas foi em nome da sobrevivência na selva de pedra.

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