Vivi uma experiência única. Acompanhei minha sobrinha a um show no ginásio do Palmeiras, nesse final de semana. Jamais imaginei que passaria por horas tão desgastantes e intermináveis.
A fila para entrar era grande, até aí, tudo bem. Camelôs vendendo de tudo, inclusive bebidas alcoólicas para menores de idade em plena Francisco Matarazzo. Outros panfletando papéis que em dois minutos forraram as calçadas de sujeira. E abriram-se as portas.
Correria para entrar, na ânsia de pegar um lugar bem na frente para ver os ídolos. Mulheres sendo revistadas de um lado, homens do outro. E menores de idade entrando livremente, sem a solicitação de documentos.
Lá dentro, o piso do ginásio todo forrado com placas de madeira (essas placas de obra), unidas por fitas-adesivas. Fios encapados passando pela pista, facilitando tropeços. Goteiras brotando do teto por todo lado. Nenhum lugar para sentar, a não ser nos camarotes do segundo andar (são chamados "camarotes" mesas e cadeiras de plástico posicionadas no segundo piso).
Caixas vendendo fichas em cada canto do ginásio, e bebidas sendo entregues aos presentes em copos de plástico e latas. Vodka (5,00), uísque (R$ 15,00), refrigerante (R$ 4,00), cerveja (R$ 4,00) e energético (R$ 10,00).
Como não havia nenhuma lata de lixo pelo ginásio todo (a não ser nos banheiros), todos os copos e latas eram arremessados ao chão. O líquido ia escorrendo pelas placas de madeira, fazendo aquela sujeira... A música rolando alta, poucos seguranças para domar os muitos que fumavam pelo salão. O cheiro de cigarro se misturava ao de cerveja grudada e pisoteada pela pista, e o cheiro de pipoca que ficava lá no fundo do salão tomava o ambiente todo, com ranço de óleo queimado.
Uma vez ou outra algum segurança aparecia para pedir aos presentes que fumassem lá fora. Lá fora é a área de saída de emergência, que ficava tomada por pessoas exaustas pelas muitas horas em pé e também tomada por pessoas consumindo drogas livremente, sem que ninguém viesse repreendê-los. A música alta ecoando pelos ares da região até amanhecer tonteava até quem estava lá dentro. Um som realmente desrespeitoso aos moradores do bairro e também aos presentes. Os ecos eram tão fortes que conseguiam estragar a música e prejudicar a apresentação dos conjuntos.
Além disso, muitas meninas vestidas "para guerra", de forma extremamente vulgar. Trajes que fariam qualquer Geisy Arruda ficar vermelha. Jovens beijando outros sem parar, sem sentimento ou envolvimento algum, muitas vezes apenas pelo gosto de serem observados pelos outros jovens.
O teto do banheiro feminino caindo. O cheiro de droga impregnando o ambiente todo. A falta de higiene digna de nota. Eu nunca estive num local mais sem governo do que esse, sinceramente. Achei um desrespeito do Palmeiras com as pessoas presentes, com os moradores da região. Muitos dirão que o Palmeiras aluga o ginásio para os eventos, mas tem total responsabilidade em gerenciar o que acontece ali dentro. Fui a primeira a defender a reforma do estádio, sou palmeirense, sócia do clube, mas sinceramente esse tipo de evento está longe de ser o que queremos para nosso bairro.
A sorte é que não saiu briga nem correria, pois ali naquele lugar tragédias enormes podem acontecer sem que ninguém consiga impedir. A sorte é que as pessoas dali, apesar das drogas e da embriaguês, são pacíficas e bem educadas. (Exceto uns rapazes que vi chutando a porta de aço de um bar na Rua Turiassú, lá pelas seis da manhã).
Na saída, mais perigo com pessoas se esmagando para caminhar entre os corredores e os gargalos que se formam até a porta da saída, onde ambulantes livremente impediam o trânsito nas calçadas, fazendo com que a multidão se espremesse em vários metros.
Fiquei abismada com a falta de responsabilidade dos organizadores e do Palmeiras. Com a falta de fiscalização da Prefeitura. A polícia estava lá fora, mas precisaria estar lá dentro! Fiquei triste com a falta de compostura moral dos jovens de hoje. Fiquei triste por ver que a prostituição já não tem mais linha limítrofe entre a prática profissional e as noites de diversão de nossa cidade.
O Palmeiras precisa ter mais respeito pelas pessoas e pela região. E mais responsabilidade também, pois eventos como esse não deveriam acontecer dessa forma, sem segurança nem o mínimo de higiene.
...alors...happy xmas!