sábado, 23 de outubro de 2010

Pobre São Paulo

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Apesar de seus becos sujismundos, São Paulo abriga espaços cheios de pompa e glamour. Mas isso não a livra de nos trazer os mais gélidos ventos de solidão. O cinza da cidade agora está verde de árvores e parques. Só que veio morar num lugar escondido: Nos relacionamentos.

Amigos, parentes, pais, filhos, colegas de trabalho: Todo mundo está sem tempo. Ficou difícil contar uma história cheia de detalhes. Ficou difícil falar uma frase mais longa. Pensar na morte da bezerra no farol fechado. Tem sempre alguém fazendo malabarismos na frente ou atrás, com o farol ou a buzina. É complicado ir a uma loja de corredor estreito e deixar o corpo solto porque se não cuidar alguém vem e leva nosso traseiro junto. Se embaçar na fila do banco na hora que o caixa aperta o botão de chamada, pobre da mãe da gente.

Antes eu usava esse blog pra exemplificar com vídeos os mil e um enchimentos que os vizinhos produzem. Mas uma pessoa achou que eu era gagá e ranzinza, então eu achei melhor tirá-los do ar. Antes um monte de gente acessava o site pra assistir aos vídeos, mas agora ninguém mais entra aqui. Só uma pessoa ou outra, de vez em quando.

Hoje eu vi uma foto da Geisy de traseiro de fora, com aquele vestido cor-de-rosa levantado até a cintura. Demorou mas a máscara da pobre moça caiu. Ela deixou escapar em entrevista que no Brasil não havia paisagem para ela posar. Que seu estilo é escandaloso e polêmico. Então já se vê que de coitadinha ela não teve nada. Só não viu quem não quis. As mil e uma formas de prostituição concreta ou não se apresentam e reapresentam na cidade grande. São Paulo permite atitudes fora do comum, como cruzadas de pernas sem calcinha no metrô, Geisys Arrudas recebendo indenizações da faculdade que ela se ocupou de desmoralizar e outros absurdos mais.

De tudo o que me aborrece na cidade, o que mais me deixa triste é o fato das pessoas não terem sentimento. Conversam com a gente meia hora e quando passa o comboio vão embora sem nem se despedir. Outra coisa é não poder flertar ou confiar nos olhares fixos de alguém. Os homens olham fixamente para as mulheres, mas é só pra ver se elas se abalam com isso. Para ter o gosto de dizer: "Olha como eu sou gostoso! Você não acha?" Ter sentimento, se apaixonar, aqui é sinal de fraqueza. Descolado mesmo é quem vai na balada e "pega" meia-dúzia na mesma noite. O romance na cidade de São Paulo está virando lenda. E isso fez a cidade morrer um pouco.

Sim, a cidade alcança o céu mas os relacionamentos se rompem em abrir e fechar de faróis. Essa face da cidade é a mais cinza. Não me agrada. Me preocupa. Sobre isso não posso fazer um vídeo ou inventar uma idéia. Ainda estou aprendendo a conviver com essa realidade. Não quero morrer com a cidade.

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