quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Para desestressar:

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Nem só de saquinhos de cocô vive o Morro das Cabritas! Quando decidi parar de olhar para os tênis, marmitas e nhacas atiradas pela grama onde eu costumava escorregar de papelão, percebi que a árvore tem "carinha". Tem olhos, boca e nariz, igual nos livros de criança. Olhem só que bacana:


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esses sujam a cidade...

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Não raro amanheço e vejo a porta de casa transformada em outdoor para uma empresa que nunca contratei. Sem consulta prévia, colam meia dúzia de adesivos na porta da garagem e vão embora. Se dou sorte de ver rápido ainda consigo arrancar aos adesivinhos sem muita dificuldade. Mas geralmente é difícil tirar tudo. Quebro as unhas, gasto removedor e mesmo assim fica a meleca da cola. Eu não sou a única vítima. Todo mundo que tem porta de aço sabe do que estou falando. É dose, viu!


Essa outra empresa joga cartão pra todo lado e claro que vão parar nas ruas rapidinho.

sábado, 25 de setembro de 2010

Atenção ao novo radar

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Instalaram um radar na Avenida Pompéia com a Rua Turiaçú para nos multar quando ultrapassamos o farol vermelho. Geralmente fazemos isso de madrugada, porque de dia de semana não dá pra atravessar nem quando está verde. Mas tratar de fazer vazar aquela galera que alopra todo mundo no farol direto, nada!

Outra coisa: Podem reparar como recapearam todas as áreas próximas aos colégios eleitorais. Surgiu massa asfáltica aos montes, né? Por essas e por outras nessa semana estou brava. Não sei pra que esse povo quer tanto dinheiro. Imbecis!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Para manter a árvore longe do xixi e do cocô

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Hoje recebi duas dicas da Luzia, do NAL Sumaré, ensinadas na reunião de setembro:

Como todo mundo que limpa a calçada bem sabe, recolher cocô de cachorro que não é nosso dá nojo e nos nervos. O xixi destrói as árvores, o cocô é melequento, feio e desaforento. Então, quem quiser proteger a árvore ou o jardim da rua dos ataques caninos raivosos, pode por

pó de café usado

ou

plantar coroa de cristo

A falta de educação até que nos faz mais criativos... pena que poderíamos usar nosso tempo para coisas mais úteis, mas... c'est la vie!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lixeiras dos prédios, ideia bacana

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Hoje vi uma coisa diferente pela rua. Alguns prédios lá na Raul Pompeia ao invés de colocarem cestinhos de plástico pendurados nas lixeiras a fim de que os saquinhos de cocôs de cachorros sejam depositados, tiveram a ideia de abrir um saco de lixo bem grandão e encaixá-lo nas bordas da lixeira, no cantinho. Assim as pessoas vão passando e depositando os lixos dentro do saco. Fica bem mais bonito e depois é só fechá-lo na hora do lixeiro passar. Logo logo eu tiro uma foto e ponho aqui pra vocês verem. Eu jurei que não ia mais falar sobre lixo, mas não resisto......

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vem aí mais um edifício

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Eu fui a primeira a ficar irritada com o crescimento desordenado de nossa região. Gente desconhecida circulando pelas ruas. Babás uniformizadas, novas barracas de flores na feira, um vai-e-vem de veículos o dia todo... Zona azul na Alfonso Bovero, menos lugares para estacionar (ou nenhum...). Cocô de cachorro espalhado por toda parte, xixi, na porta de casa e lixo, e mais lixo...

E então veio o orkut onde pudemos conversar sobre tudo isso e a guerra casas x edifícios foi ganhando nova visão para mim. Muitos moradores de prédios também se queixando sobre o abandono das casas, jurando por Deus que não têm culpa da sujeira de cães pelas ruas e acusando os moradores dos sobrados de não cuidarem de suas portas. Embora tenham chegado depois, são tão moradores como nós. Tão donos do bairro quanto nós. Encheram as ruas de gente, mas também trouxeram desenvolvimento do comércio, atraíram novos investimentos para nossa região e se bobear, gostam mais daqui do que a gente. Tanto que pagaram um dinheirão pelo metro quadrado. Com esse dinheiro, poderiam ter escolhido outro lugar.

Meus vizinhos da frente estão felizes. Vão vender as casas para uma sólida construtora. Vão fazer um bom negócio, que vai melhorar a qualidade de vida deles. A nós, que moramos bem em frente, ficará parte da conta: Uma obra de no mínimo dois anos, com muito barulho, poeira e concreto. Roubarão todas as vagas de estacionamento da rua. Roubarão parte do sol. E também roubarão metade da vista da Vila Romana. Nossa garagem estará sempre com algum carro parado "só um minutinho". Mas não podemos interferir no negócio, nem dizer a eles que não vendam, afinal de contas, são proprietários e têm o direito de dispor de suas casas como melhor lhes convier.

Quem fica pode montar um negócio na garagem para tentar descontar o prejuízo. E se o prédio for bonito?Até que não vai ser tão ruim assim! E se os novos vizinhos forem legais? E se algum parente vier morar no prédio? Vai ser bacana! Não há como congelar as mudanças. Para velejar nessa cidade, assim como na vida, é preciso ajustar as velas a todo momento.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mais um vizinho que encanta o Brasil

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Jether Garotti Jr. é um grande pianista, maestro e instrumentista, responsável por centenas de arranjos e trilhas sonoras de comerciais, teatro e cinema e cresceu nas ruas da Pompéia. Ele é um orgulho para nós! Mais um músico bem-sucedido, confirmando a vocação de nosso bairro como berço de grandes talentos nacionais.

Aqui estão algumas de suas criações:





quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pesquisa Ibope mostra Tiririca em primeiro lugar em São Paulo

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Fonte: O Globo

Milhares de eleitores paulistas estão apostando a solução de sérios problemas do país num candidato a deputado federal com larga experiência como equilibrista, mágico e palhaço. Com estes predicados, o comediante Tiririca, famoso pela canção-chiclete “Florentina, Florentina”, pretende sentar numa das cadeiras da Câmara dos Deputados, em Brasília, em janeiro de 2011. Ele vem liderando as pesquisas de intenção de voto em São Paulo. Embora não se trate propriamente de uma piada, humor não está faltando na campanha do humorista cujo slogan é “Tiririca, pior que tá não fica”.

Sites e blogs vêm comemorando com galhardia o sucesso do novo voto cacareco da praça. Circulam estimativas na internet que, a 20 dias das eleições, dão a Tiririca (PR) 1 milhão de votos — o dobro do que recebeu o estilista Clodovil nas eleições de 2006.

— Não acharia uma aberração se Tiririca recebesse 1 milhão de votos — avalia o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro.

As pesquisas de intenção de votos para deputado não são registradas nos tribunais eleitorais. Por isso, o Ibope não divulga os percentuais. Trata-se de um serviço pago por candidatos que são cadastrados no instituto. Entretanto, Montenegro revela que o acumulado de cinco rodadas de entrevistas (um total de cerca de 9 mil) com eleitores mostra Tiririca como o concorrente à Câmara dos Deputados mais citado em São Paulo.

Mais quatro a reboque

— Se ele tiver realmente um milhão de votos, consegue eleger outros três ou quatro deputados da coligação (que inclui o PR, o PT e o PC do B) — conta Montenegro.

Tiririca, claro, é apelido. Seu nome de batismo é Francisco Everardo Oliveira Silva. Auto-definindo-se como “abestado”, ele diz que quer ajudar os mais necessitados. Inclusive a própria família.

O candidato ’lindo’

Tiririca vem se especializando em transformar o horário político de televisão em programa humorístico. Rebolando e paramentado com as famosas roupas coloridas, o comediante admite que não sabe muito bem o que um deputado faz e se intitula o “candidato lindo”. Recentemente, numa entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, Tiririca respondeu à pergunta sobre quem financiava sua campanha de um jeito bastante pessoal:


— Então... o partido entrou com uma ajuda aí... e eu achei legal — disse, na época, surpreendendo, mais adiante, ao responder o que sabia sobre a atividade de um deputado:


— Para te falar a verdade, não conheço nada. Mas tando lá, vou passar a conhecer.


Tiririca não é o primeiro. O eleitor de São Paulo tem se mostrado bastante criativo na hora de votar. Em 2006, dois dos escolhidos foram o estilista Clodovil, morto no ano passado, e o cantor Frank Aguiar.

Clodovil disputou pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC). Recebeu 493.951 votos, sendo o terceiro candidato mais votado no estado de São Paulo e o quarto do país. Clodovil marcou sua legislatura com muita polêmica. Antes de tomar posse na Câmara, o estilista disse ao jornal argentino “Perfil” que poderia barganhar seu apoio ao governo em troca de dinheiro.

Também em 2006 o cantor Frank Aguiar elegeu-se deputado federal, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 144.797 votos. Assumiu em 2007, mas, dois anos depois, ele se tornou vice-prefeito da cidade de São Bernardo do Campo. Este ano, ele concorre novamente.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As palavras e o mundo!

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Uma das coisas mais legais que tenho visto no SESC Pompéia são os contadores de histórias, que estão sempre por lá.
Até o dia 17 a exposição "As Palavras e o Mundo" ficará lá, e vale a pena parar para ouvir e admirar o talento dos contadores que o SESC contratou.
São vários estilos: Alguns contam e tocam música, outros utilizam bonecos. Tem contador que é mais do que artista! Sem falar que as historinhas são lindas e trazem sempre um toque pra gente, que é adulto e que teima em achar que pra ser maduro precisa perder a doçura. Ah... O SESC mudou o letreiro da entrada... Ficou mais bonito ainda.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Salve-se quem puder!

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Estou traumatizada. Com Netinho em primeiro nas pesquisas para Senador, o pesadelo de ter visto Lula ser reeleito após o escândalo do mensalão voltou à minha mente com força total. Ao assistir ontem o debate dos presidenciáveis, fiquei pasma com a postura de nossos futuros representantes.

Dilma imita Lula em tudo - até na ignorância ao falar português. Não que eu tenha preconceito com quem não fala português direito, porque eu também não falo. Mas fico pensando nas provas difíceis que tenho que fazer quando presto concursos para ganhar R$ 1.000,00 e sinto uma revolta tão forte que chega a ser prostrante.

Serra repetindo mil vezes sobre quebra de sigilo fiscal, como se isso fosse algum problema aos olhos do eleitor petista, que não se importa com mensalões, dólares nas cuecas e esquemas milionários em paraísos fiscais. Até parece que alguém vai deixar de votar nela por causa de uma quebra de sigilo! Quanto mais ele bate nessa tecla, mais parecer ter o que temer.

Marina, a menos lunática de todos, tentando alertar aos perigos que estão debaixo do nariz dos outros candidatos, mas que eles insistem em dizer que são assuntos que podem comprometer o tal superavit, que tem feito uma diferença imensa nos bolsos dos banqueiros.

Plínio tentando convencer os outros a fazerem um acordo de 10% para a educação. Dez por cento já cheira mal - geralmente vai pro bolso do pastor!

E se Dilma não se preocupar com isso, talvez nem seja por mal. Para ela e para Lula, estudar nunca fez diferença nenhuma. O mais importante é poder pagar um bom cirurgião plástico e uma excelente agência de marketing. Ao povo, resta aprender a assinar embaixo.

sábado, 11 de setembro de 2010

Torresmo na Madrugada

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Essa é pra Freguesia do Ó, mas bem que podia ser pro Souza da Tavares Bastos:

Essa música é bem "SAMPA".

aperte o Play:
Rogerio Santos - Torresmo na Madrugada

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O valor de um lugar

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Quem são aqueles homens olhando para nossas casas ali do outro lado da rua? Apontam, cochicham, planejam. Não notam nossas presenças desconfiadas na janela, nem os olhares de esguelha pelas varandas. Continuam falando em projetos grandiosos que arquitetaram sobre uma folha de papel. Com caneta e régua construíram edifícios sobre casas desenhadas a lápis.

Num dia desses, numa carta (dessas de propaganda), finalmente se identificaram. São de renomada incorporadora, parceira de grande construtora (dessas que é até difícil pronunciar o nome – pomposo) e vêm, respeitosamente nos participar da construção de luxuoso condomínio sobre nossos lares. Claro, alguns detalhes ainda precisam ser ajustados, mas basta apenas uma assinatura abaixo. Nela, se autoriza a comercialização e a locação do imóvel. Assinado, Sr. Fulano de Tal.

Após a notícia da desapropriação de imóvel próprio por empresa particular, começo a fazer contas. Para onde iremos?
Sim, para onde, pois infelizmente, por ironia do destino, não poderemos mais morar no mesmo lugar. Pelas nossas contas, para morar aqui, em espaço três vezes menor, teremos que desembolsar cinco vezes mais. Coisas do progresso.

A empresa do Sr. Fulano de Tal é especialista em avaliação de imóveis. A fórmula é simples: vendem apartamentos financiados a preço de ouro e compram nossas casas a preço de lata. Sr. Fulano de Tal e seus amigos foram treinados a fazer o seguinte: explicar aos compradores que aqui será o paraíso, enquanto convencem os atuais moradores de que aqui virará um inferno.

Sr. Fulano de Tal:
(Rua não sei qual, sem número)
Venho respeitosamente, por meio desta, oferecer dados à sua avaliação. Uma vez sabendo que sobre nosso terreno figurará um arranha-céu, gostaria de colaborar com o plano de marketing dessa renomada empresa e seus parceiros, através de preciosas informações sobre o valor deste local.

Sei que é uma pessoa muito ocupada, por isso ofereço uma visita virtual à minha casa. Entremos pela garagem.

Nesse local brinquei sobre montes de areia, passei horas fingindo que estava na praia enquanto meus pais construíam nossa casa. Foi aqui que conheci meus amigos de infância. Aqui também funcionou uma loja de automóveis, onde meus pais fizeram fama e amigos, vendendo os melhores fuscas de toda região. A garantia era o fio de bigode. E o pagamento, nota promissória. Minha irmã enquanto trabalhava aqui cuidava de mim, que brincava o tempo todo na rua. Aqui a família toda suou e sorriu, trabalhou junta e foi feliz.

Nessa grande escada da entrada eu jogava bola sozinha. Eu e a escada éramos muito amigas. A gente só parava de jogar quando eu ficava cansada. Quando minha mãe a encerava, eu descia de tapete. E também passava tardes inteiras sentada aqui conversando com a turma da rua.

Essa sala era um quintal. Aqui ficava meu balanço e minha piscina. E aqui havia um banquinho de alvenaria onde minha mãe conversava com meu nono. Eu e muitos dos moradores da região somos descendentes de italianos.

(Venha até a varanda)

Daqui se vê a casa do seu Michelle. Ele também veio do sul da Itália. Todo mundo era conhecido, por isso brincávamos na rua sem preocupações, pois não éramos vizinhos, éramos uma família. O lanche da tarde, acontecia cada dia na casa de uma criança.

Atrás daquele prédio está o morro. Lá a gente escorregava de papelão, empinava pipa, soltava balão. A noite daqui era animada. De vez em quando passava o Bloco do Faísca, que hoje é o Águia de Ouro. Nessa rua, em várias procissões eu saí de anjinho, e bem nesse muro ficava uma vela e uma santinha. Daqui minha mãe me via desfilando na fanfarra. Jogava vôlei no meio da rua e quase fui atropelada. Daqui também ficava esperando meu pai passar dentro do ônibus, quando ia fazer compras na cidade. É, esse ônibus está aqui até hoje. Demora... mas quando aparece... que alegria! Mas o melhor dessa varanda era no carnaval. Confetes e muita água dentro da xeringa. Hoje, nessa varanda brincam meus sobrinhos, se penduram na mesma grade, igualzinho eu fazia.

Aqui na Pompéia conhecemos o padre, o traficante, a cartomante, a grega da esquina, a dona da pizzaria. O ar daqui é diferente, o senhor precisa ver. Sr. Fulano de Tal, o carteiro se chama Joílson e, faça chuva, faça sol, está sempre sorrindo.

Aqui tem uma Feira de Artes fantástica, vem gente de toda parte. Vem para a Feira de Artesanato também. A cada dia da semana tem uma feira em local diferente, com um pastel mais gostoso do que o outro, o senhor precisa experimentar.

Em julho, a rua inteira fica coberta por ipês. É bonito de chorar. A gente vai a pé até o Sesc, ao Metrô Vila Madalena, ao Palmeiras. Falando em Palmeiras, o senhor precisa ver que lindo que é em dia de jogo. Os avôs que moram aqui há quarenta anos ou mais, ficam lá na lanchonete relembrando o Palestra dos velhos tempos. A Pompéia é pura história escrita nos idosos que estão dentro dos sobrados. E o São Camilo mesmo, subiu com a ajuda de muitas quermesses onde vários casais se formaram. Os filhos dessa gente se conhecem até hoje, pois estudavam em ótimas escolas estaduais que existiam por aqui. Não é de se estranhar que hoje consigam comprar os apartamentos de luxo que o senhor vende aqui no bairro.

Senhor Fulano, aqui na Pompéia há pássaros coloridos, muitos pés de amora e pitanga, mangueiras e goiabeiras dentro das casas. Pelas ruas é possível colher limão e flores. Aqui em frente à minha casa, há uma árvore que foi plantada pela gente e que cresceu junto comigo. Aqui pertinho há uma pracinha que conta muitas histórias, onde moram sabiás e bem-te-vis. Nessa mesma praça há o cachorro mais querido do mundo, meigo e carinhoso, e eu brinco com ele sempre que volto da sorveteria Cristal, lá na Vila Romana, que também existe há mais de quarenta anos.

Mas nem tudo aqui são flores, é verdade. Há dias em que demoro tanto pra chegar em casa... sabe Sr. Fulano, por aqui atualmente circula muita gente e os carros acabam obstruindo algumas ruas. Nesses dias, eu não vou mentir, fico um pouco aborrecida. Mas é só chegar perto de casa, bater um papo com o dono da padaria, cumprimentar algum amigo que passa pela rua, olhar seu Michelle sentado escondidinho e espiando atrás da cortina, avistar meus pais me esperando nessa varanda... Sr. Fulano... é uma felicidade... mas uma felicidade, que não tem preço!

Sem tempo para mais, embora com muito mais,

Emocionadamente,

Uma Moradora.

Poesia boa pra cachorro

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Au au au
Mas que vizinho cara-de-pau!

Enquanto o cachorro está latindo
O vizinho queria estar dormindo

Cachorro latindo nervoso
Deixa o vizinho furioso

Como descansar
Se o cachorro não para de berrar?

Quando o barulho vem do cachorro
Só ao dono podemos pedir socorro

De latido em latido
O vizinho fica mordido

Se o cachorro fosse bonzinho
Seria amigo do vizinho

Cachorro quietinho
É cada dia mais queridinho

O muro não separa
O barulho que o cão dispara

O dono saiu
O cachorro latiu

Seja maravilhoso
Mantenha o cão silencioso

Se o cão late à toa
O ladrão entra numa boa

O fim de semana é pra curtir
Mas o cachorro não me deixa dormir!

A roda melecada
Sujou minha calçada

O urinaço
Enferruja a porta de aço

O saco de cocô
Faz o maior fedor

O saco plástico,
Pra entupir bueiro
É fantástico

Cachorro que late demais
Não deixa o vizinho em paz

Meu cachorro é de raça
É limpinho por onde passa

Meu cachorro é educado
Deixa o vizinho sossegado

Seu cachorro é ladrão
Rouba o meu sossego de montão

O barulho da cachorrada
Deixa a vizinhança enfezada

Quando o cachorro dispara a latir
Me dá vontade de sumir!

Não que eu seja agressivo
É o latido que mexe comigo

Vamos colaborar
O vizinho precisa descansar!

Quando o cachorro latir
O dono precisa agir

Tenha um cachorro educado
Mantenha o latido controlado

Seu cachorro só late lá no fundo
Mas na outra rua sentem incômodo profundo

Seu cachorro só late no portão
Mas o vizinho da frente escuta de montão

Meu desejo intenso
É manter a rua em silêncio

E livrai-nos de todo au-au, amém!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A arma do voto

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O horário político virou piada, e se for ver, isso não é tão ruim assim. A "Hora do Brasil", com aquela voz sinistra nunca nos fez prestar atenção ao que era dito e as palhaçadas do horário eleitoral até que atraem nossa atenção. Sorte dos candidatos mais sérios, que contam com um pouquinho mais de audiência.

Quando eu era jovem, gostava muito de política. Conhecia os partidos, as filosofias, e era idealista. Defendia candidatos em altas discussões, ficava nervosa. Hoje já não sou tão ingênua, e até no voto distrital, que sempre defendi, atualmente não acredito mais.

Depois de conhecer melhor como funcionam os movimentos comunitários, como os políticos se relacionam com a população, como a imprensa noticia os acontecimentos, já não acredito mais que o voto distrital possa ser um bom negócio. Isso porque a mesma ambição e guerra de poder pode ser observada tanto no alto escalão do Governo, como nas micro comunidades. E foi isso que me decepcionou.

São Paulo é uma cidade intrigante. Às vezes estamos batendo altos papos com quem nem conhecemos. Outras vezes, pessoas íntimas passam sem cumprimentar. Isso me aborrece muito e assim vou triando quem merece ou não minha confiança. Na internet, é a mesma coisa. Não responder a um e-mail é como não responder a um cumprimento. Mas a vida é assim, vamos tocando e seguindo em frente.

Como é bom envelhecer! Com o passar do tempo vamos percebendo que onde há hierarquia, há guerra de vaidades e corrupção. Procurei ser educada quando falei sobre minha visita à reunião do Conselho de Desenvolvimento Sustentável, porque fui bem recebida. Mas, sinceramente, uma cidade da magnitude da nossa merece uma administração menos amadora.

Procurei me envolver nos movimentos comunitários por sentir sede de melhor qualidade de vida para todos. Mas pude perceber que ela é medida por muitas réguas, e muitas vezes a democracia acaba ficando em segundo plano. Conheci (por alto) nomes de vereadores envolvidos com nossa região, mas tristemente vejo cavaletes dessas mesmas pessoas espalhados pelos meio-fios das ruas, o que é proibido. O mesmo se dá com propagandas que encobrem o vidro traseiro inteiro dos veículos, o que também é proibido. Como votar em cidadãos para fazer leis, se nem eles respeitam as leis?

É certo que as leis nem sempre são corretas. Essa das cadeirinhas até que aceitaria, se o cinto de segurança já estivesse funcionando nos coletivos. A lei da inspeção veicular para veículos novos, e não para veículos mais antigos ou para ônibus, carros-fortes, que poluem barbaridade? Cada vez mais moradores de ruas espalhados, sofrendo, e muitas notícias de que alguns moradores de rua são estupradores (recentemente, mais um na Barra Funda). Mas eles não são obrigados a ir para abrigos, então a segurança deles e a nossa está constantemente ameaçada.

É por essas e por outras que morro de rir quando vejo o Tiririca dançando. Já pensei em votar nele só pra manter um palhaço a mais no Congresso. Depois desisti, quando vi que apoia o Lula - o que não é de se estranhar, vindo de um palhaço. Hoje mesmo vi um candidato bonito no outdoor e pensei: "Nossa, que bonitão! Acho que vou votar nele, pelo menos assim o Congresso fica mais apresentável".

Não tenho candidato pra segundo senador. Nem federal, nem estadual. Não gosto do candidato a Presidente em quem vou votar. Já pensei em anular. Mas aí pensei: Ah... Se eu fizer isso vou votar na Dilma! Ah, isso não, cruz credo! Mas se ela ganhar, vai continuar tudo igual! E se o outro ganhar? Ah, aí volta a greve de fulano e beltrano, que o Sindicato vai organizar, dizendo que é o povo que tá puto da vida. E o povo vira marionete e faz greve! Ah... Chegamos num ponto onde até fazer greve é fazer campanha pra quem a gente nem sabe quem é. Depois o Tiririca é que é palhaço.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Cuidado! Aquele som vem do coração!

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Sim, é impossível conhecer São Paulo. Frequente um restaurante por dia, viva todos os dias da vida e ainda assim não terá tempo de conhecer todos. Não caminharemos por todas as ruas, não entraremos em todos os museus, nem escolas. Porque assim que o dia amanhece, algo novo aparece. São Paulo acorda de um jeito e adormece de outro. Durante a noite não descansa e assim vamos nos apresentando diariamente a essa cidade que chamamos de nossa.

São Paulo não se deixa pertencer. Uma, pela sua natureza. Outra, por sua mutação. Uma praça nova aqui, um prédio novo ali... Um comércio que abriu e fechou tão rápido, que nem deu pra saber bem ao certo o que era! A casa do vizinho, que funciona de depósito sabe-se lá do que. O papo do coreano enquanto fazemos compras no Bom Retiro... O que será que ele diz? Mais fácil se falasse árabe! Com tanta gente tomando conta do que já era estrangeiro, onde antes se falava grego, agora virou chinês.

Assim como acontece em São Paulo, também dentro de nosso bairro. E foi fácil constatar isso nessa grande polêmica envolvendo o Palmeiras. Foram mexer justo com nosso intocáve! Mas como? Não conhecem o pedaço? Muitas perguntas nos fizemos, tentando entender como moradores podem ver nosso principal marco histórico como apenas mais uma empresa. E para argumentarmos sobre o que aos nossos olhos era tão óbvio, buscamos nas raízes do bairro os nossos porquês. E os textos foram montando um quadro novo até aos próprios olhos, já que não costumamos transcrever as razões que nos levam a amar. Mesmo assim, fundamentados na lógica e no urbanismo, conseguimos dizer, em longas centenas de linhas, aquilo que poderia ser resumido apenas em poucas palavras: Raízes de nossas vidas.

A Pompeia viu ameaçado seu direito de modernizar instalações que abrigam justamente àquilo que sempre mais nos foi caro: O futebol, que fez com que a Pompeia ficasse conhecida no mundo todo através da esquadra alviverde (campeã do século XX) e o rock, que faz barulho sim, mas do qual somos o berço nacional. Isso nos deu o prazer de sermos conhecidos no Brasil todo pela vocação em abrigar e produzir altos talentos de renome nacional: Tutti Frutti, Mutantes, Luiz Carlini, Rita Lee.

Para quem conhece bem o bairro e se orgulha das tradições, o Palmeiras não é apenas uma edificação. Um grito de gol vindo do Palestra não é apenas um ruído. O vibrar da torcida é o vibrar da vida do bairro. Os acordes do rock hoje amplificam em decibéis nossos acordes antigos, que trouxeram lágrimas aos olhos de imigrantes e vizinhos quando a música Ovelha Negra começou a tocar diariamente no rádio e na TV, em rede nacional. E de nossas ruas também vieram as mãos do grande talento Jether Garotti, arranjador da música "Per Amore", que emocionou milhões de brasileiros na abertura da novela das oito.

Sim, o Brasil não conhece o Brasil. São Paulo se reapresenta aos seus habitantes em suas múltiplas faces. E a Pompéia, que só consigo não achar estranha quando escrita com acento, ganha nova vida e vestes com a merecida construção de um estádio moderno, digno da grandeza desse lugar.

No vídeo, mais um pedacinho da história do bairro, contada pelo ídolo Luiz Carlini, talentoso e generoso, que, por amor, nunca deixou esse lugar:

Flores da cidade

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ai, ai

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Hoje, andando pelas ruas do bairro e vendo a sujeirada toda jogada pelo chão em pleno miolo de feriado, cheguei à conclusão que devo esquecer esse assunto.

Sim, é triste dizer isso, mas a verdade é que não consigo manter limpa sequer a porta de minha casa. Para que isso fosse possível, teria que varrer a rua três vezes ao dia, o que é inviável.
Estamos no país que tem um dos impostos mais caros do mundo, e a verdade é que há muita gente ganhando muito bem para fazer isso, e pouco faz. As ruas remendadas, feias. Mas, São Paulo é assim, até que nem posso me queixar, porque ultimamente as praças estão mais cuidadas e muita coisa melhorou. O que não muda são as pessoas jogando lixo na rua.

Os lixeiros, por sua vez, fazem até mais do que podem, porque correm atrás do caminhão feito loucos. A empresa dá uma extensão muito grande para eles cobrirem, e o fato é que se eles fossem caprichar demais, não daria tempo. Eles não têm culpa que as pessoas não embalam adequadamente. E não é dizer que seria preciso avisá-las, porque qualquer Q.I. mediano consegue relacionar o lixo espalhado ao mau acondicionamento. Por isso, a partir de hoje, confesso que vou deixar esses assuntos pra lá. Se for ver, ninguém se importa muito com a sujeira. Se muita gente ficasse incomodada, haveria mais perseguição.

Então, em nome de minha própria qualidade de vida, venho, através desse post, declarar minha independência mental aos lixos jogados pelas ruas. Que seja reciclado, recolhido, que suma, ou que fique onde está! Que entupa os bueiros, se assim for da vontade de todos! Que sirva de alimento aos ratos, que estão com as barriguinhas roncando! Que rolem soltos por aí, que enfeiem ou enfeitem, conforme o caso. Não vou mais recolher cabos de vassouras que podem servir de armadilhas. Não vou mais pegar o lixo da porta da casa do vizinho. Não vou mais fotografar o lixo na boca-de-lobo. Que o lobo coma e que tenha uma grande indigestão. E de sobremesa, sacos plásticos com cocôs de cachorros peludos. E que esse assunto seja cuidado pelos que ganham bom dinheiro para tal. Ponto final.

Vale a pena assistir!

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OTHELITO

Esse espetáculo infantil é um show a parte. Mistura enorme talento a bom humor e criatividade, proporcionando aos adultos diversão igual ou maior do que às próprias crianças - público alvo da peça.

Além de entreter com grandes performances corporais e linguísticas, a Cia. Vagalum Tum Tum faz rir e ensina ao público técnicas de sonoplastia. São grandes atores, que conseguem misturar simplicidade (permanecendo no palco o tempo todo, enquanto não estão em cena), com genialidade. Com produção cenográfica mínima, conseguem transportar o público no tempo e no espaço.

Essa é, sem dúvida, a melhor peça infantil que já assisti! E está aqui, pertinho da gente, no Teatro Cacilda Becker. Esse teatro foi totalmente reformado e para quem ainda não o visitou, é uma oportunidade de ouro. Até o dia 19/09.

OTHELITO
Cia. Vagalum Tum Tum. Texto e dir.: Ângelo Brandini. Com Christiane Galvan, Anderson Spada, Val Pires e Gabriella Argento. 55 min. +6 anos.

Adaptação de Otelo, o mouro de Veneza, de William Shakespeare. Um general medroso e ciumento se apaixona pela filha de um rei, mas, por ser mouro, não pode se casar com ela. Nessa versão, é feita uma sátira sobre a tragédia original, e o conto triste se transforma em um espetáculo de comédia. Ganhador, em 2007, de prêmios como o APCA e FEMSA de melhor texto adaptado.

Teatro Cacilda Becker. Zona Oeste. De 28/8 a 19/9. Sáb. e dom., 16h. R$ 10
Endereço: Rua Tito, 295 - Lapa
CEP 03115-020
Telefone: (11) 3864-4513

domingo, 5 de setembro de 2010

23a. Feira de Artes da Pompeia

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A Pompeia é cheia de gratas surpresas. Caminhe um pouco pela Feira de Artes e encontre um show como esse, logo na esquina, num palco montado literalmente no meio da rua:

Mais um capítulo da série "cachorradas do vizinho"

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Duas da tarde, e o cachorro late há três horas seguidas:



Cinco horas depois:

sábado, 4 de setembro de 2010

Sorte do Dia

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Texto de minha autoria, em 2008, para os Poetas do Tietê


Não prestei atenção mas, na certa, levantei com o pé esquerdo.
De domingo bem cedo, sair da cama é complicado.
Não que ainda estivesse com sono. O fato é que a única coisa interessante daquele dia seria o jogo do Palmeiras (lá pelas quatro).
Até lá, todo mundo enrolaria, apostaria a sorte e tomaria umas.
Banho e café preto (de gole rápido pra não ver a cor do adversário).
Café com leite não daria, era praga daquele dia.
Já sei! Pra dar sorte usaria a camisa do coração, meio por baixo, tá certo - porque o patrocinador já não era mais aquele.
E o dia foi se arrastando e eu me arrastando nele. Para o almoço chegou a família, com manjar de sobremesa.
A feijoada esquentada do sábado arrancou risadas do cunhado alvinegro, talvez pela cor, talvez pelo focinho.
O árbitro corrupto do ano passado trouxe o tapetão à tona. Toalha manchada, Mancha a postos, os Gaviões fiéis cantando e vibrando enquanto os palmeirenses rogavam pela salvação do time.
Hora do jogo, uma surpresa: o segundo uniforme dava o ar da graça e isso não era bom sinal.
Sinal da cruz, aperto de mãos. Moeda da sorte a favor do adversário.
Na primeira falta o atacante sai de maca e a torcida, com a macaca, soltando fumaça.
Aquele uniforme dava azar, eu sabia! Alguns ataques, muitas faltas, ene escanteios e nada.
A culpa é do narrador, parece estar morrendo! Trocar de canal seria ideal.
Agora sim! Agora vai! Aqui o gramado é mais verde e o narrador menos gambá.
Dois minutos depois o atacante adversário desce com tudo e bate pra dentro, encaçapando bola, goleiro e zagueiro. Ah não... parece praga!
Que nervoso! Vermelha de desgosto, levanto pra lavar o rosto e acalmar o ânimo. Ainda dá!
Mal levanto da cadeira dou as costas e meu time, raçudo, nem deixa o outro comemorar o gol que acabara de marcar. Tome outro goela abaixo pra ver se aprende com quem está lidando!
Olha lá, eu sabia! Era eu que estava dando azar! Foi só me levantar que o time marcou!
E assim, de longe, escutei a virada da vitória. E enquanto fazia pipocas comemorei o esperado título, que só fui assistir na reprise do jornal das dez.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Palmeiras e Corinthians

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(texto de minha autoria, em 2008, no Grupo dos Poetas do Tietê)

Era dia de clássico na cidade. Tinha gente que logo cedo já desfilava a camisa do time do coração sem medo de ser feliz. No trabalho, era aquela zoação... Quem se importa? O que vale é engrossar a torcida, fazer com que os onze jogadores virem milhares pelas ruas, aí sim o elenco ganha mais força.
Luís foi trabalhar com a camisa do Corinthians. Deslizava suave pela avenida enquanto sintonizava as notícias do dia. É hoje que o bicho vai pegar! Estatísticas de vitórias, de ataques e defesas. Previsão de público, entrevistas dos fanáticos. Tudo soprava a favor do Timão.
Mas ia tão distraído que não viu que o farol não estava mais verde e... tuuuummm... encheu de alegria a traseira de um carro parado. Desceu pra ver o tamanho do prejuízo e o motorista atingido tratou logo de berrar:
- Só podia ser corintiano!
- Que cê ta falando meu véio?
- Que só podia ser corintiano! Domingueiro, não sabe dirigir!
- Que dominguero o quê rapái? Você que parô no amarelo, senão dava pra nóis dois, seu bunda mole!
- Além de detonar meu carro ainda me chama de bunda-mole?
- É isso aí mesmo, vem falando que eu torço pro Corinthians, que sô domingueiro, nem me conhece! Sabe com quem cê tá falando?
- Não sei nem quero saber, só sei que vai pagar isso tudo, porque quem bate atrás tá sempre errado, não sabe não?
- Eu vô te processá por preconceito! Veio com essa de me chamar de corintiano maloquero! É porco né seu filho da puta?
- Porco é o teu nariz, sou sardinha e com muito orgulho!
- Menos mal... Se fosse do chiqueiro ia levar umas porrada.
- Do chiqueiro não sou nem morto, antes gambá que periquito.
- Gambá é a puta que te pariu.
- Minha mãe nãããoo!!!
- Foi mal véi, mãe é foda, desculpa aê.
- Tá legal foi culpa minha, fui eu que te chamei de gambá primeiro.
- É cara, verdade, eu tava distraído ouvindo rádio, que merda.
- Você tem seguro?
- Seguro não tenho não... Economizo tudo pra assistir meu Timão. Mas tem um chapa meu da oficina que conserta isso aí em dois palito, nem vai parecer que amassô, cê vai vê.
- Tá certo cara, vou confiar em você. Pode me dar seu telefone?
- Belê, tá na mão! 
Abriu a carteira para pegar um cartão quando o ingresso do clássico caiu no chão.
- Olha, caiu um papel aí.
- É meu ingresso pro jogo de hoje a noite.
- Que beleza! Hoje torço pra vocês. Esses pontos vão ajudar o Santos no campeonato.
- Firmeza, brother. Tá aqui meu cartão. Me liga amanhã bem cedo pra gente vê isso aí.
- Tá certo, vou levar na confiança. Boa sorte no jogo de hoje.
- Falou, cara. Torce junto, vamo ganhá de lavada, passá perfume na porcalhada.
Nessa hora, um palmeirense que vinha passando botou a cabeça pra fora e berrou sem medo de ser feliz:
- Aê animal! Sabe dirigir não? Só podia ser ultimão!
O corintiano, verde de raiva, mal se despediu do lambari e nem olhou se o farol tava verde pra correr atrás do suíno. Mas o adversário já tinha sumido pelas ruas de Sampa e, àquela altura, deveria estar sacaneando outros corintianos uniformizados pelas calçadas. Com a certeza de que nunca mais os encontraria, porque se encontrasse, dependendo do resultado do jogo, não ia ter vergonha que bastasse.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma noite no Palestra

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Homem que é homem vai ao jogo de futebol. E vai cedo, ainda menino, pra pegar gosto pelo veneno. Meus sobrinhos já estavam na idade e nós, que por sorte moramos perto do Palestra, decidimos levá-los para assistir ao jogaço que aconteceria naquele dia.
Palmeiras e Santos. Um clássico. A idéia tivemos perto das cinco da tarde, hora em que os ingressos para a arquibancada deixam de ser vendidos. Mas minha irmã foi correndo e conseguiu os preciosos.
A arquibancada não foi escolhida somente pelo preço, mas pela macheza. Isso mesmo: numerada é coisa de viado. Bom mesmo é assento de concreto, no meio do povão, pra sentir o calor da torcida.
Saímos bem mais cedo porque a puxada não é pequena: meia hora a pé. No caminho fui ensinando o hino do clube, estrofe por estrofe, bem direitinho.

- Quando surge o alviverde imponente...
Não fiz muito sucesso porque, dos três pequenos, palmeirense mesmo é só um, o menorzinho. Os outros dois são bambizinhos, tadinhos.

Na chegada, a massa alviverde intimidava: as crianças, embora torcedoras do time do Morumbi (por influência do cunhado afetado), logo trataram de amarrar bandanas bem fosforescentes, pra que aquele monte de maloqueiros nem de longe desconfiasse que naqueles peitinhos batiam corações tricolores (e dos mais fanáticos).
Na entrada o funil para a revista - degradante. Finalmente dentro do Palestra, escolhemos nosso lugar: bem na curva da rede. Com sorte veríamos o Verdão marcando os gols bem de perto e com mais sorte ainda um dos pequenos se converteria – se Deus quisesse.
A massa não parava de chegar. A TUP distribuía folhetos onde estava uma música que declarava amor incondicional ao nosso amado Palmeiras.
Finalmente os fogos! O Santos entra primeiro, com um estádio totalmente verde e uma vaia de apitar o ouvido. Agora sim, é a vez do Palestra subir as escadas e quem entra primeiro é o Luxemburgo, engravatado, maestro de uma orquestra milionária - aos seus ouvidos. Naquela expectativa, de repente fica tudo escuro e quando percebemos, estamos debaixo de uma bandeira gigante que subiu não sabemos como. Após alguns segundos tentando entender o que aconteceu, meu sobrinho olha pra mim e diz:

- Justo agora que eu queria ver o Marcos!

Assim que nos livramos do incômodo, o juiz apita e o jogo começa. O barulho é apenas da torcida, nada de narrador ou alguém pra fazer com que a gente entendesse o que estava acontecendo. O Palmeiras atacava lá do outro lado do campo, onde marcou nada menos do que cinco gols, só no primeiro tempo.
No intervalo o mais intrigante: um ambulante conseguiu encontrar, no meio da torcida, a quem ficara devendo um real.

- Foi praquele cara de verde.

O maledeto sentado atrás de mim insistia em fumar o tempo todo, e o que era pior: jogava as bitucas pra eu apagar quando me sentasse. Resultado: por pouco não queimei o traseiro.
No segundo tempo, dois gols do Santos, também lá longe. Sete gols, todos do outro lado.
O pior nem foi isso: do degrau pra baixo todo mundo ficou em pé e do nosso degrau pra cima, todo mundo mandava sentar. Nem preciso dizer que só nos restou prestar atenção na Mancha, que cantava sem parar:

- Ooooo vamo ganha porcoooo!!! Vamo ganha porcooo!!! Vamo ganha porcooo oooo!!!
(Sobe-sobe bandeira!)

Mas até que foi bom. O juiz apitou o final de jogo e nós, preocupados com a super-lotação da saída, demos um tempo esperando esvaziar.
Em seguida descemos em fila, ainda espremidos, mas demos a sorte de encontrar uma moçada que avistou o Chico Lang lá no alto, na cabine da Gazeta, e não deu outra:

- Olha lá! Jornalista gambá!
- Hei! Chico Lang! Vai ..........#$%¨&%
- Ueeeeeebaaaaaa!!!!!!!!!!!
- Palmeeeeeiraas!!! Fiu fiu fiu! Palmeeeeeiraas!!! Fiu fiu fiu!

Depois voltamos a pé, felizes da vida, cantando em família, sorrindo e brincando juntos.

E assim passamos mais uma, das muitas noites inesquecíveis no estádio do Palestra.