segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O desrespeito ao Pacaembu e à cidade de São Paulo

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Neste sábado voltei ao Pacaembu para procurar meu guarda-chuva, perdido na reunião do Conselho de Segurança. Conversando com a responsável pela ronda fui informada que nenhum objeto fora encontrado naquela noite. Perguntei se não havia um setor de achados e perdidos. Ela ficou "perdida"...

Aproveitei para dar mais um passeio no Museu do Futebol e olhar com calma o que não tive tempo de ver da outra vez. Fiquei alguns minutos olhando o projeto do Complexo Esportivo do Pacaembu, de 1938. Os cálculos milimétricos estão nas plantas - que chegam a emocionar. Também tocam o coração a grandiosidade do evento de inauguração, o respeito que as pessoas tinham pela obra, pela cidade... O orgulho de estar ali, naquele local lindo, vivenciando um momento histórico para a cidade de São Paulo.

Saí de lá e fiquei olhando em volta, vendo os estudantes do Mackenzie batucando na praça, sem respeito algum pela vizinhança. O próprio Bar Brahma ao lado do Museu com grandes caixas acústicas tocando samba no último volume. Vários indigentes jogados no jardim sem que a GCM falasse nada. Aquele cheiro de cocô humano no mato, aquele fedor de fossa vindo dos ralos da praça. As fezes dos cães. O odor de urina grudado nas paredes das escadarias. O cheiro de mofo na sala da torcida do Museu do Futebol, com o orientador e o guarda parados ali, esperando pegar pneumonia.

Um carro passou a mil por hora na avenida, mas nem a CET nem a PM deram um "piu". Os ônibus de excursão que não podem estacionar na praça e têm que subir lá na avenida. Não seria melhor deixar os ônibus por ali, para que os motoristas pudessem urinar nos banheiros e não nos muros? O varredor que fica o tempo todo pra cá e pra lá pegando copinhos e lixos que jogam por todo canto. Mas depois pendura seus badulaques na árvore centenária: sacos, vassouras, baldes. Tudo.

Não fosse eu ficar esperta, teria gasto 8,90 num café no bar do museu. Dei uma nota de dez para pagar o café e recebi troco de cinco. Percebi a má vontade em acreditar em mim e esperei o fechamento de caixa para receber meus cinco reais.

Fui embora meio injuriada e ainda passei por mais um trecho encardido pelo cheiro de peixe que a feira deixou de lembrança. Perto da banca, marcas de vômito, certamente de um dos jovens (dentre os muitos) que se embriagam ali durante as noites. Fiquei pensando no tamanho do desrespeito àquela obra maravilhosa. E à nossa cidade, que merecia leis mais rígidas, pois tanta democracia já está cheirando mal.

*Nesse link algumas imagens da construção do Complexo Esportivo do Pacaembu http://mariolopomo.zip.net/arch2010-04-11_2010-04-17.html"

2 comentários:

  • 3 de outubro de 2011 às 13:34
    Tonia :

    Olá! Sou estudante de jornalismo da Univesidade Anhembi Morumbi e estou escrevendo uma matéria sobre o impacto da construção da Arena Palestra Itália na vida dos moradores e comerciantes da região de Perdizes e Pompeia. Gostaria de saber se poderíamos conversar sobre esse assunto! Trata-se de um trabalho acadêmico. Deixo meu contato caso você tenha interesse: tonia.machado@yahoo.com.br. Muito obrigada! Tonia

  • 4 de outubro de 2011 às 12:22
    Felipe :

    Nanda,

    realmente é muito triste isso que vemos pela cidade. De fato o respeito acabou. A tolerancia ao outro acabou.
    Sinceramente nao sei mais qual é a soluçao. Mas te confesso que estou meio desanimado.

    Beijos

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