sábado, 7 de agosto de 2010

O desgosto que o lixo me traz

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Eu vivo reclamando do lixo nas ruas. Tanto que um amigo meu propôs que observássemos esse problema como um desafio. Visão empresarial, foco, planejamento, ação. Ora, que bobagem! - pensei a princípio. Mas no dia seguinte senti vontade de fazer um teste.

Saí pela rua fotografando tudo que era lixo jogado. Separei as imagens por tipos, separei a rua por quadras, separei os lados da rua, a classe social habitante em cada trecho. As empresas ali localizadas, seus entornos. Pensei no jeito que o brasileiro tem de viver, nossos hábitos, crenças. Também lembrei da qualidade da prestação do serviço público e seus efeitos comportamentais.

Olhei pra minha casa e percebi que também erramos. Que podemos melhorar. E avaliei os motivos de nossa inércia. Percebi que há solução. Dá trabalho, não vai ficar 100% tão já, mas que dá pra melhorar muito, é só arregaçar as mangas. Que a mensagem não pode ser generalizada e sim individualizada, para que cada um tenha motivação para fazer a sua parte, sem que a mudança de hábito implique em desconforto.

Notei que o problema da sujeira dos cães já diminuiu bastante, embora ainda exista em quantidade considerável. Que grande parte da sujeira provém de restos de alimentação, então nossas padarias, pizzarias e lanchonetes podem nos ajudar bastante nessa missão. Também notei que o lado par da rua é bem mais limpo que o lado ímpar. Que há trechos onde o problema do lixo praticamente inexiste, e que esses trechos se avizinham. Notei que muitas vezes o lixo é jogado por praticidade, por crianças. Empresas entregam publicidade em casas sem caixa de correio e os cartões voam pelas calçadas. Outras grudam adesivos em garagens e talvez seja questão de começarmos a telefonar para eles, pedindo para trocarem a forma de propaganda.

As garrafas plásticas poderiam ser retornáveis, o que já limparia a cidade em grande parte. As formas de pizza poderiam ser reutilizáveis, pois é muito comum ver embalagens de pizza soltas por aí. (Por que será que as pessoas deixam as embalagens de pizza para fora do saco, se é tão fácil rasgá-las?)

Notei que nossos canteiros são facilmente relacionáveis pela mente popular a ótimos locais para se atirar lixo e que nessas cabeças esse é o local ideal e certo (um cantinho). Percebi que as placas educativas também sujam a cidade. Que o trabalho de educação deve ser silencioso, dirigido, sentido.

Cachorros perdidos devem contar com uma central de informações regional. Não mais será preciso sujar a cidade com mil cartazes ou carros de som. Enquanto pensava tudo isso decidi consertar minha porta, os buracos da calçada, o canteiro da árvore. Percebi que é fácil fechar um buraco com cimento, não é preciso ser pedreiro, basta ter o material e um pouco de boa vontade.

Olhar a cidade assim me deixou mais esperançosa.

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