Previous Next

domingo, 17 de julho de 2011

Organização e higiene através da educação artística

0

Devido ao imenso desconforto que sinto ao transitar por nossas ruas cheias de sujeira, fezes, entulho e sacos de lixo espalhados, passei a refletir sobre soluções.

Minha primeira ideia foi desenvolver um trabalho ligado ao amor pela cidade. Projetos de cunho afetivo, apresentando a cidade aos próprios moradores como um território turístico a ser conservado e explorado.

Depois pensei em investir em educação moral e cívica, mas o tempo dela já passou. Hoje, muitos rejeitam essa disciplina alegando ser ela um dos apêndices da ditadura.

Em seguida investiguei a educação ambiental, mas novamente veio o desconforto. Os mais famosos ambientalistas assumem postura intransigente misturando consumo de carne com falta de consciência. Radicais de carteirinha me desestimularam a investir exclusivamente nessa área.

Na psicologia também esbarrei em amarras filosóficas, e vi minha liberdade de expressão tolhida.

Nas políticas públicas, nova barreira técnica: Burocracia, corrupção e egos alternam-se em vigília perene.

Li muito sobre profissões e a única área onde o profissional pode inventar e aplicar técnicas e conhecimentos livres e diversificados, passeando por todas as áreas sem ser tolhido por conselhos regionais ou entraves filosóficos é a educação artística.

Já há alguns anos venho trabalhando com isso, escrevendo livros infantis. Como analista de sistemas o que gostei mesmo de fazer foram os dicionários eletrônicos e um game. Gosto muito de lógica, mas se o objetivo não for humano, não tem graça nenhuma!
Desde o ano passado venho pensando em me profissionalizar em educação artística, pois vi nessa área a possibilidade de desenvolver projetos de ensino de organização, higiene e desenvolvimento dos sentidos.

Dói entrar no túnel do metrô "Sé" e sentir o cheiro de cocô humano enquanto admiro o espelho d'água. Muitos nem sentem mais o cheiro, pois seus sentidos estão anestesiados!

Dói caminhar pelas calçadas e sentir o cheiro de urina. Olhar a bagunça das lixeiras dos prédios de luxo, pois a maioria dos funcionários têm muito pouco senso de ordem e de estética.

Intrigo-me ao ver que o vizinho deixa seu cachorro latir frenéticamente, pois seus ouvidos já se desligaram do som e a sensibilidade para saber que isso incomoda não existe.

Os problemas da cidade vão além da falta de respeito. Muitos deles acontecem pois andamos muito distraídos e não conseguimos nos colocar no lugar dos outros.

As vielas sujas servem para esconder o lixo. E eu até entendo que alguém consiga ver a viela como um local apropriado, que não incomoda "ninguém"! Mas lixo no meio-fio é anti-estético. E isso é falta de um "olhar".

Aqui na rua as flores cor-de-rosa estão cobrindo a calçada, mas tem gente que nem reparou! Tem vizinho que corre pra varrer as lindas flores, pois só pensa nelas como sujeira. É porque não desenvolveu o "olhar".

A educação artística ajuda a desenvolver os sentidos, a observação, o senso de organização, as emoções.

É uma área incrível, onde não há limites para falar ou criar soluções para nossos problemas mais urgentes. Ela nos permite entrar em contato com o que nos incomoda e com aquilo que nos faz feliz.

Eu não gosto de grafites. E acho que resumir a arte na cidade a isso, é muito limitante. Não creio que a virada cultural seja produtiva à nossa cidadania. A virada cultural produz um lixo tremendo e um barulho descomunal.

A cidade nos proporciona experiências sensoriais contínuas: A poluição embriaga o olfato. As calçadas tortas gritam ao tato. O lixo desconstrói a beleza. Perturba a ordem. Os carros estacionados nas esquinas prejudicam a visão. Os bares barulhentos, a audição. Um dos problemas da cidade grande é ligar todo mundo no piloto automático. A gente não pode ver uma fila que já entra. Às vezes nem sabe onde vai dar. É automático!

A solução mais rápida para nossos problemas seriam as multas. Se a Prefeitura fizesse a lei ser cumprida a cidade ficaria organizada bem rapidinho... Mas como isso não é possível nem muito simpático, as soluções precisam seguir outros caminhos. E a educação artística pode ajudar a construir e manter ruas interessantes.

Quem sabe assim nossos caminhos não vão ganhando ares mais suaves e nossa pressa e vocação para produzir bagunça e sujeira ficando para trás?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O mapa da dificuldade

0

Quando a Prefeitura distribuiu os informes anunciando o início da coleta seletiva fiquei animada. Mas...

1. No dia e horário informados pus o lixo na rua mas o caminhão não levou. Guardei de volta (todo "mijado" pelos cachorros dos vizinhos :(
2. Na outra semana, pus novamente e de novo ficou na rua, mas dessa vez não guardei. Deixei pro dia seguinte, pensando que o horário poderia ter mudado. No dia seguinte, guardei de volta (cheio de cascas de mandioca que o vendedor descascou e jogou em cima)
3. Aí liguei na Prefeitura e perguntei se precisaria dispor num saco colorido, mas fui informada que poderia dispor o lixo em qualquer saco.
4. Na outra semana, o coletor tocou a campainha de casa e conversou comigo, explicando que não levava o nosso lixo porque em nosso quarteirão as pessoas põem lixo orgânico na rua à qualquer hora, então eles não poderiam saber qual era qual e acabavam passando reto. Mas prometeram que aqui em casa passariam a recolher.
5. Na outra semana pus o lixo novamente, mas uma kombi levou o saco antes do coletor.
6. Os vizinhos da frente, vendo que de quarta eu punha lixo na rua, passaram a por também, só que a empresa mudou os funcionários do caminhão e então voltaram a passar reto por todas as casas, incluindo a minha.
7. Novamente telefonei para reclamar. Não adiantou.
8. Mandei um e-mail e ninguém respondeu.
9. Saí correndo atrás do caminhão e aí sim passaram a recolher, até que..
10. O horário mudou sem prévio aviso e o lixo continuou a se acumular pela rua.
11. Mandei outro e-mail e nada de resposta.
12. Minha mãe descobriu que o horário era mais cedo e então voltamos a por o lixo na rua.
13. Um dos prédios não percebeu a mudança de horário e o lixo deles passou a ficar o dia todo na rua até o dia seguinte.
14. Eu avisei o síndico e o lixo voltou a ser recolhido.
15. Agora, que mais alguns vizinhos aderiram ao horário e ao hábito, o horário de coleta mudou novamente e assim o reciclável fica pela rua, misturado ao orgânico que vão jogando durante o dia.

Nossa cidade é complicada. Mas uma hora a gente ajeita.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vocação

1

Ontem estava ouvindo rádio e parei numa música clássica, na Cultura FM. Um locutor explicava a forma de composição da música, suas classificações, as outras obras do autor e enquanto escutava aprendi muitas coisas que eu nunca tinha ouvido falar nem na escola nem em casa.

Descobri que músicas podem ser compostas como sonetos da literatura, que muitas composições seguem uma ordem e respeitam determinadas métricas. Fiquei lembrando como a escola estadual que eu estudei era ruim, quantas greves aconteciam durante os anos letivos, quanto desinteresse pelos estudos isso me causou. Quantos assuntos me passaram em branco! Isso deve ter influenciado negativamente em minha personalidade, em minhas escolhas e certamente escolhi a profissão errada por falta de oportunidade de conhecer a grandiosidade do mundo.

Lembrei de meus amigos preguiçosos, de nossas conversas com tão pouco conteúdo... A falta de perspectivas, de disciplina...

Quanto mais vivo mais valorizo a área da educação.