segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Servidor Público?

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obs: A zona oeste de São Paulo começa na Avenida Brigadeiro Luís Antonio com a Paulista.

As necessidades de quem, mesmo?

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obs: O desenhinho com a imagem do "cachorro proibido" foi o mais legal da placa. :-)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sobre a audiência pública da Operação Urbana Água Branca

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Hoje vou escrever como moradora e não como conselheira, e falar sobre minhas impressões a respeito da audiência pública de ontem:

1. Chegando à reunião, que emoção ver centenas de pessoas se aproximando do prédio da Uninove! A participação da população nas decisões políticas é emocionante.

2. A emoção se deu não apenas por ver aquele povo simples caminhando junto. Famílias inteiras vindo defender interesses e obter informações a respeito de seus futuros e do futuro da cidade. Mas também me comovi por saber que suas angústias e o que as movia era o medo. Não só de perder a moradia, como o medo do futuro, da vida, das decisões dos poderosos. Medo da vida e da cidade.

3.O Subprefeito chegou conosco, e entrou em meio à multidão, passando praticamente despercebido. A grande maioria da população não sabe quem ele é. Acredito que ele tenha se sentido aliviado e ao mesmo tempo, não. Não ser reconhecido como o xerife da região lhe tira responsabilidade, mas também lhe confere pouco respeito ou autoridade. E isso é ruim.

4.A Uninove procurou acomodar as pessoas de maneira excelente. Tanto os que couberam dentro do auditório gigante como os que ficaram lá fora receberam bom tratamento: assentos, telão, ar-condicionado e café. A única gafe foi não terem reservado lugares às autoridades da região, como subprefeito, vereadores, membros do Cades e outros conselhos e até mesmo para a imprensa. A verdade é que nós, que teríamos muito a falar, acabamos tendo que acompanhar o evento pelo telão, lá fora. Os que conseguiram se inscrever entravam no auditório e saíam. E isso não foi lá muito bom.

5.Durante a apresentação da Operação, ficou bem claro que o que estava em jogo ali eram os interesses das incorporadoras. Nada que escapasse muito disso. É certo que mais cedo ou mais tarde aquela região seria mexida - mas não dessa forma - não fosse pelo alto grau de corrupção e desordem que reinam em nossa cidade. Isso é fato.

6.Se morar numa casa que é assediada pelos corretores dia e noite já é extremamente desconfortável, o fato de estar na linha de tiro da Prefeitura da cidade para desapropriação deve ser angustiante. E isso moveu centenas de moradores ao local. A injustiça social e a aviltante desconsideração demonstrada pela Prefeitura nas indenizações pagas aos moradores de décadas, davam o tom do desgosto estampado nas centenas de rostos presentes.

7.Não fica claro para nós, moradores, como a Prefeitura pode estar tão organizada para a criação de um bairro novo, planejado, e tão desorganizada para suprir nossas carências mais básicas, como a poda de árvores que caem sobre nossas cabeças, recapeamento de ruas que mais parecem um raly, fiscalização e educação ambiental na questão do lixo, que imunda e abunda em nossas ruas e avenidas. Sem falar nos moradores de rua, que são centenas e continuam dormindo e morando por aí, jogados ao Deus dará, sem que ninguém tenha respaldo em lei para tomar uma atitude que solucione de vez essa questão.

8.Durante o discurso, representantes tiveram atitudes diversas: A primeira chorou, a segunda colocou questões práticas, a terceira perseguiu a Arena Palestra, e outros movimentos de moradores eram tão organizados que chegavam a cheirar mal. O secretário foi ofendido e fingiu que não escutou, a representante da comunidade da Raposo Tavares se sentiu vaidosa, o representante do Pacaembu já está tão acostumado a fazer discursos que parecia mais estar num stand-up comedy, com pausa para aplausos, sorrisos, vaias e por aí vai.

9.Eu, que sou filha de operários e moro aqui há décadas, sei que os apartamentos novos não são para o meu bolso, e que terei que mudar daqui caso queira entrar num financiamento. Fiquei pensando se é justo pessoas que invadiram locais ganharem apartamentos, enquanto eu terei que trabalhar a vida toda para pagar meu pedacinho, sendo que cheguei aqui primeiro.

10.Ao mesmo tempo, pensei que eles têm muita razão em reivindicar uma solução para os problemas deles, pois me coloquei na posição dos que trabalham, moram em péssimas condições e se instalaram em locais de várzea, numa suposta cidade sem governo, e agora são vistos como intrusos, tendo que dar lugar à pessoas que nem sabe quem são.

11.Lembrei que estamos em São Paulo, a cidade que não pode parar. Nasceu e se desenvolveu quase sem planejamento, e achar que vamos continuar com nosso perfil é quase que querer que o mar pare de fazer ondas.

12.Também pensei que apartamentos populares precisam ser construídos nessa região, para que os favelados e não favelados com menos posses, como eu por exemplo, não precisemos comprar algo muito longe daqui.

13.Fiquei feliz por ver a Ros Mari falando que os apartamentos populares precisam ser dignos, e que a população mais carente não necessariamente precisa morar longe do centro da cidade.

14.Também gostei de ouvir a Cleide falar que primeiro precisam suprir nossas necessidades básicas, antes de pensarem em trazer mais gente pra cá.

15.Fiquei emocionada ao escutar o discurso da Denise, falando que a Lapa é nossa, e ninguém vai derrubar nossas casas, que são nossa história.

16.Adorei ouvir a Ros Mari falar sobre nosso patrimônio fabril, que precisa ser preservado para a manutenção da história da cidade.

17.Também lembrei do trem-bala, que pode ser construído por lá e vai permitir que eu consiga chegar ao Rio de Janeiro - que eu não conheço - em menos de quarenta minutos.

18.Pensei em chegar ao Aeroporto de Cumbica bem rapidinho, fazendo check-in já na estação, e fiquei animada. Aí lembrei que eu nunca viajo e que não preciso disso para nada.

19.Fiquei emocionada ao saber que o quarteirão da Cotoxó saiu do projeto da Operação Urbana, mas fiquei triste ao lembrar que os outros moradores que ainda continuam na planilha não têm nenhum vizinho vereador.

20.Enfim, essas, entre muitas outras sensações leigas me passaram pela cabeça durante a audiência. Pensei que o legal de nosso bairro é que aqui se misturam várias classe sociais, e que para sermos felizes precisamos continuar com esse perfil. Saí de lá triste e feliz, pensando que o povo está aprendendo a se organizar, mas com medo de que nós nos organizemos demais e que novos líderes corruptos surjam, para substituir os muitos que já aqui estão, representando, na surdina, conselhos regionais, construtoras e incorporadoras internacionais.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem é da Pompéia é mais feliz... :-)

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Já é hora de ir decorando o samba-enredo da Águia de Ouro, que se preocupa em exaltar o nome de nosso bairro todos os anos, religiosamente:



Com Todo o Gás! a Águia de Ouro É Fogo!
(com letra corrigida)*

Compositores: Marcio Pessi, Marco Antonio Pessi, Serginho do Porto, Serginho Castro, André Fulggaz, Sergio Alan, Didi Pinheiro, Anisio, Wal e Íris


Águia de ouro é paixão!
Amor de enlouquecer
Com todo gás a Pompéia é fogo
Que aquece o meu viver

África templo do fogo sagrado
Brilha o astro rei, presente divino
O homem primitivo descobriu
O fogo, a sua proteção
Iluminou a vida, rumo à evolução
Chamas da história, civilizações
O tempo marcou
Das cinzas renasceu, a fênix e então brilhou
Na Grécia Prometeu roubou o fogo de Zeus
No Olimpo a pira acendeu, entregando à humanidade
Nero um louco Imperador, sem alma e sem amor
Roma queimou

Na fé em rituais,
Divino na religião
Purificação...
Na fogueira da Inquisição

(Reluziu)

No Brasil a Nova Era, iluminada por lampiões
Surge o gás com uma chama natural
Que alimenta o corpo, no banho dá prazer
Surgem no ventre das matas, seres sobrenaturais
Lendas do nosso folclore
Guardiões do fogo e muito mais
Ponteia a viola caipira
Com energia e calor
Pula fogueira, que a chama do samba chegou!

Águia de ouro é paixão !
Amor de enlouquecer
Com todo gás a Pompéia é fogo
Que aquece o meu viver

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pausa para assistência técnica

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Caros amigos, nos próximos dias meu computador estará em manutenção.
Retomarei as postagens assim que possível.
:-)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Verdades, mentiras, interesses e maus gênios

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Ontem, durante a entrega do abaixo-assinado ao Bispo Dom Fernando - já que Dom Odilo esteve na igreja no dia anterior sem comunicar a comunidade - para mim ficou claro o motivo da comunidade não se envolver demais em assuntos comunitários ou em manifestações:

O motivo é simples! Porque quando participamos de manifestações como essas, tantos, mas TANTOS interesses estão envolvidos, que a probabilidade de se fazer o papel de "bobo da corte" é imensa!

Uma senhora perguntou a que partido estávamos representando, já que antigamente o PT costumava encabeçar todo tipo de passeata ou protesto, fosse ele de qualquer natureza.

Nessa história da Reciclázaro, o responsável pela desativação não foi encontrado. A Igreja disse que foi a Associação, o Padre supostamente disse que foi a Cúria, a Associação disse que recebeu ordens. Depois o Padre falou que não disse nada disso, o jornalista disse que o Padre falou sim, por telefone e em reunião, onde estavam vários presentes. Um leitor escreveu ao jornal dizendo que o Padre não estava falando a verdade.

A Associação voltou atrás e disse que foi decisão dela. As lideranças comunitárias não acreditaram e pressionaram. O Bispo disse que não tinha tempo, mas quando foi ver ele apareceu por lá de surpresa, quando os manifestantes estavam assistindo o Caldeirão do Huck.

Os recicladores ficaram bravos com o jornalista, dizendo que foram injustiçados na capa do Jornal maldosamente. Acho que o jornalista boicotou a manifestação, pois não o vi lá.

Na manifestação estavam presentes várias pessoas, mas não aquelas que estão diretamente envolvidas no projeto. Enquanto o protesto rolava lá fora, na porta de igreja alguns paroquianos reclamavam da falta de respeito ao Bispo e às decisões da Igreja.

Nessa história, moradores que supostamente reclamaram do lixo foram sondados, interesses de construtoras ou empresas prestadoras serviço levantados, bem como a corrupção na Prefeitura. Até o Prefeito pagou o pato sendo que provavelmente não estava nem sabendo de nada. Ou será que estava?

Durante os discursos, era possível notar a impaciência com a movimentação de pessoas, com o sol queimando na cabeça. Dom Fernando, já idoso, cozinhando os miolos na maior paciência, tentando fazer um discurso com sua voz que era só um fiozinho.

Das centenas de sacos prometidos pudemos ver apenas algumas dezenas, e é por essas e outras que devemos repensar a forma de nos organizarmos socialmente. Dizem que nunca devemos tomar decisões importantes sozinhos. É preciso consultar especialistas e pessoas queridas para que a probabilidade de erro diminua. E a ausência maciça de participantes pode ser atribuída não à inércia ou falta de cidadania, mas à uma decisão conjunta, de pessoas maduras, que conhecem as armadilhas da vida.